Pesquisar no site


Torcidas organizadas: Vale a pena existirem?

02/01/2015 20:46

PONTOS POSITIVOS:

- O objetivo de formar torcidas organizadas é a fraternização entre torcedores de um mesmo clube, indo além ao momento de ir torcer no estádio. Em lugares próprios, sede e sub-sedes, se reunem e criam um ambiente muito propício para fazer amizades e falar de futebol com quem realmente é mais apaixonado pelo clube. Fazem churrasco de vez em quando, jogam conversa fora e todas as demais atividades de lazer, enfim se fraternizam. Para alguns é como se fosse sua segunda família. E, obviamente, se organizam para não faltar em nenhum jogo;

- No Brasil o torcedor comum gosta muito de assistir o jogo, as torcidas organizadas existem para cantar o tempo todo, estimular o clube em campo a todo momento de jogo. O ambiente na organizada é diferente: é mais extrovertido, intenso, estimulante, mais radical pelo seu clube. Quem frequenta estádio sabe como é diferente torcer com torcedores comuns e torcer estando entre torcedores organizados.

- Deixam a festividade mais bonita nas arquibancadas, uma vez que se preocupam com esse fator, pois seus símbolos associados ao escudo do time são diferenciados na multidão de torcida no estádio. Além disso, tem mais facilidade para criar bandeirões, faixas, lemas, músicas de incentivo;

- Torcidas organizadas estão representando o clube em território estrangeiro quando a maioria não vai torcer, estão em todos os jogos do seu clube, inclusive naqueles que têm número baixo de torcedores;

- Se mobilizam em pressionar os dirigentes do clube nos momentos de crise e tem mais facilidade em fazer isso do que torcedores comuns;

- Algumas delas fazem trabalhos voluntários, ou seja, têm projetos sociais;

- Criam mascote ou segundos mascotes para os clubes;

- As organizadas paulistas criam escolas de samba e para muitos torcedores acabam representando o seu time no carnaval;

- Dizem sinceramente a situação do clube nos seus sites e apoiam sempre o clube;

- Não são só associados de torcidas organizadas que agem com violência, em parte a geração atual é muito violenta, especialmente no Brasil. Numa sociedade muito desigual é difícil promover valores que difundam a boa convivência e harmonia de todos com todos. A escola é sobrecarregada com esse objetivo, mas há controvérsias, pois a sociedade inteira precisa se mobilizar e participar no processo de mudança.

 

PONTOS NEGATIVOS:

- Algumas organizadas são formadas por facções violentas e, mesmo aquelas que têm liderança pacífica, pode ter alguém violento infiltrado na torcida;

- São consideradas como principais responsáveis na questão de violência dentro e aos arredores dos estádios, pelo menos pela grande mídia e uma grande parcela da sociedade;

- Todo o trajeto que vão percorrer precisa ser rigorosamente acompanhado pela polícia, uma vez que encontro entre organizadas e torcedores de times rivais e adversários tem altos riscos de ocorrer tumultos e agressões. Isso gera mais gastos públicos;

- Organizadas são muito ligadas a políticos e, em época de eleição, ajudam a convencer associados e torcedores a votar em determinado político que as apoiem;

- Torcidas organizadas paulistas ganham bastante financeiramente quando criam escola de samba, pois recebem verba da prefeitura, como toda escola de samba, mas tal financiamento ajuda no crescimento da organizada. Sem falar que, ao estarem associadas simbolicamente a um clube, os seus grupos de shows e eventos são mais facilmente contratados do que de uma escola de samba tradicional, devido o apelo sentimental ao torcedor;

Nota: Escolas de samba formam grupos de shows e eventos para ajudar financeiramente.

- Torcida organizada tem sua loja e produtos próprios, associando suas mascotes com o clube, e vende seus produtos sem render nada ao clube. Não paga nada ao usar o símbolo do clube (marca), mas é uma pessoa juridicamente constituída, na teoria sem fins lucrativos.

 

MINHA OPINIÃO:

Não sou membro de torcida organizada, mas proporei as possíveis soluções para os problemas e espero respostas críticas bem embasadas. Primeiramente, quando se fala em torcida organizada no Brasil, tais palavras aparecem na mente, como: “bandidos”, “marginais” e para alguns até “vagabundos”. Mas então qual seria a diferença delas para o PCC, por exemplo?

PCC não faz projetos sociais, não está relacionada a nenhum clube, não forma escola de samba, a maior parte do seu tempo e recursos são destinados a fuga de prisão, queima de arquivo e etc. Obviamente não traz benefícios, diferente da torcida organizada.

Para combater a violência, primeiro precisa se “armar” de tecnologia. Eu sou a favor sim que lugares públicos sejam bem vigiados e, com a modernização tecnológica, seja possível ver bem o sujeito, até uma pequena ruga na testa possa ser bem vista graças ao avançado monitoramento, que não temos ou são muito caros ainda. Mas apenas o monitoramento não basta, pois o indivíduo pode estar usando mascara ou cobrindo o rosto, aí entra a escolta policial estar bem localizada em possíveis focos de problema e agir com rapidez. Pune-se quem agiu fora da lei. Se estavam em bando, verifica-se cada um. Precisamos dar poder suficiente a polícia de revistar e tirar mascaras, tirar o capuz que pode cobrir o rosto, impedir sinalizador e demais objetos possíveis de causar dano ou morte. Se bem que para certos indivíduos, até um garfo em mão já é o suficiente para machucar muito o outro! Mas aí utiliza-se o monitoramento.

A solução não vem porque a classe política já quer reduzir gastos sociais, ainda mais com torcedores, então a situação fica a mesma, imutável.Eu sou contra usar medidas paliativas para solução de problemas, pois no mínimo só amenizam, mas nunca arrancam o mau pela raiz e ele sempre cria resistências e cresce mais forte do que antes. A violência no Brasil só é maior que em muitos países europeus por causa da impunidade, não é devido a ausência de torcida organizada lá. Na Europa também há grupo de torcedores de mesmo clube formando bando, mas pensam duas vezes antes de agir ilegalmente. Mas isso é uma coisa oculta no Brasil, fazem o mais fácil que é culpar torcida organizada.

Infrator tem que ficar de 3 a 5 anos na cadeia sem redução de pena e independente da idade, pagar altas taxas de fiança, pagar multas altas e caso de reincidência dobrar o valor da multa, alguns casos realmente não entrar em estádio nunca mais. Parece meio óbvio falar isso, mas é o óbvio que tem que ser feito, pois se tentar inventar e sofisticar nunca resolverão o problema. Tem que investir muito, não ter um sistema burocrático, ter rapidez e eficiência da polícia e punição séria da parte jurídica.

O que eu digo é, tem que esquecer que o infrator é um torcedor comum ou de torcida organizada e punir rigorosamente só ele. O caso da gremista que era racista, por exemplo: porque puniram o clube sem provar se o mesmo era responsável por campanhas racistas? Aí o torcedor se revoltou com a punição ao clube e descontou na menina, destruindo sua casa. Ou seja, uma ação errada gerou uma outra ilegalidade (a primeira foi o ato racista da menina). Se eu sou funcionário da empresa e faço coisa errada, meu patrão que não teve nada a ver, tem que responder? Isso sim deveria ser repensado, deveria investigar até onde e como cada um agiu antes de formalizar o processo.

O caso de apoio eleitoral é a coisa mais comum no país, não precisa nem ser um grupo organizado para ajudá-los, basta ter um pouco de liderança sobre algumas pessoas. Isso também precisa de investigação do ministério público e aplicar a lei da teoria na prática.

Quanto ao fator financeiro, acho válido uma organizada usar sua influência no carnaval, algumas pessoas passaram a gostar de carnaval quando foi associado ao futebol e vice-versa, unindo as paixões. Pessoalmente acredito que tanto o carnaval como o futebol precisam se unir na divulgação do Brasil lá fora e para orgulhar os brasileiros. O futebol é nossa identidade, mas o carnaval é nossa exclusividade, temos que ser soberanos em ambos.

Quanto a organizada usar a marca do clube, deveriam cobrar no máximo 10% dos lucros das organizadas para o clube, uma vez que ela ganha sim financeiramente graças ao clube. Se não tiver lucros em determinado período, a taxa é extinta temporariamente, sem se tornar dívidas e sem cobranças futuras. Mas tem que ser no máximo essa porcentagem, pois as organizadas tem custos com associados e não existem para ser exploradas pelo clube, mas o objetivo seria apenas manter um pagamento ao uso de sua marca quando efetua suas vendas. Mas essa regra tinha que valer para todas as pessoas jurídicas e físicas que não tem fins lucrativos, como igrejas e ONG, por exemplo, uma vez que em teoria elas podem não ter fins lucrativos, mas conseguem lucros no hábito de suas atividades. Enfim, a lei tem que valer para todos.